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DIMINUIÇÃO DO DESEJO SEXUAL

Tenho 28 anos e vivo com o meu marido há praticamente 4 anos. No princípio tinha muita vontade de fazer amor, o meu desejo era muito grande, fazíamos amor em todo o sítio. De há uns anos para cá perdi completamente o desejo sexual, não consigo procurar o meu marido, e quando ele me procura muitas vezes fico irritada e nem quero sequer que ele me toque. Não consigo beijá-lo em condições porque sinto uma repulsa muito grande dentro de mim... Já fui casada antes de estar com o meu actual marido, e antes de me divorciar comecei a envolver-me com o meu actual. Pergunto-me se era a sensação de perigo, a possibilidade de ser apanhada a trair, que apimentava o meu desejo louco de fazer amor com o meu actual marido. Eu traía o meu Ex com o meu actual. Ao mesmo tempo estou muito preocupada porque amo muito o meu marido e tenho medo de perdê-lo. Nem sequer gosto de pensar que vai cansar-se de me procurar porque sempre tivemos uma vida sexual muito activa. Penso nisso todos os dias e não tenho coragem de conversar ou desabafar com ninguém porque sei que, se falar com as minhas amigas, vou ser motivo de chacota... Preciso muito de orientação, não sei o que fazer, cada dia que passo sinto que estou a perder o meu marido...
V.

Em primeiro lugar, devo dizer-lhe que as dificuldades que descreve são comuns a muitas mulheres em todo o mundo. O desejo sexual feminino é diferente do masculino e há muitos factores que podem levar à sua diminuição, sem que isso implique que já não há amor. Diz-me a experiência com casais que, na generalidade dos casos, estas dificuldades estão associadas a problemas do foro emocional. De resto, quando alguma coisa não corre bem em termos da segurança emocional dos membros do casal, há uma forte probabilidade de a intimidade sexual sofrer alterações. Como a generalidade dos homens precisam da estabilidade sexual para conseguirem sentir-se seguros ao nível da intimidade emocional, as cobranças, acusações e a repulsa podem transformar-se no "pão nosso de cada dia" de um casamento. Desfazer este ciclo vicioso depende de alguma perseverança e sobretudo da capacidade para se conversar abertamente sobre os sentimentos de cada um. Claro que em teoria é tudo mais fácil. Na prática, pode ser difícil colocar o seu marido a falar sobre as suas emoções, nomeadamente porque presumo que se sinta muito rejeitado com alguns dos seus comportamentos. Mas este é o caminho mais seguro para que ambos se sintam dispostos a implementar mudanças que lhes permitam voltar a sentir-se próximos.

É verdade que algumas mulheres vêem o seu desejo sexual aumentado por situações "arriscadas" e que o início de uma relação amorosa é, de um modo geral, mais intenso, até do ponto de vista da activação fisiológica, mas isso não justifica o afastamento que descreve. Sugiro, por isso, que converse com o seu marido sobre episódios específicos que a incomodem e que o incentive a fazer o mesmo. Procurem analisar, juntos, como é que o comportamento de um influencia o comportamento do outro. Se conhecer exactamente do que é que o seu marido precisa para se sentir seguro nesta relação, bem como as situações que o fragilizam, ser-lhe-á mais fácil gerir o seu comportamento no sentido de o deixar mais seguro. Reciprocamente, se se expuser mais, revelando aquilo que a incomoda (situações específicas) e aquilo de que precisa, aumenta a probabilidade de se sentir suficientemente segura para se entregar em pleno do ponto de vista da intimidade sexual. Caso não se sintam capazes de ultrapassar este impasse sozinhos, recorram à ajuda da terapia de casal.